A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro em um caso envolvendo joias sauditas. A investigação revelou que uma organização criminosa foi formada durante seu governo para desviar e vender presentes recebidos de autoridades estrangeiras.
De acordo com as normas do Tribunal de Contas da União (TCU), esses presentes deveriam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência responsável pela guarda desses itens, e não poderiam ser adicionados ao acervo pessoal de Bolsonaro. No entanto, a investigação apontou que os desvios começaram em meados de 2022 e continuaram até o início do ano passado, com as vendas sendo operadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Além de Bolsonaro e Mauro Cid, mais 11 pessoas foram indiciadas, incluindo o pai de Mauro Cid, general de Exército Mauro Lourenna Cid, Osmar Crivelatti, Marcelo Câmara, ambos ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro, e Frederick Wasseff, advogado do ex-presidente.
As investigações revelaram que parte das joias foi levada para fora do país em uma mala transportada no avião presidencial. Em um dos casos, o general Cid recebeu US$ 68 mil pela venda de um relógio Patek Phillipe e um Rolex, dinheiro que foi depositado em sua conta bancária. O general trabalhava no escritório da Apex, em Miami, na época.
Entre os itens desviados estão esculturas de um barco e de uma palmeira folhadas a ouro, que Bolsonaro recebeu durante uma viagem ao Bahrein em 2021.
Agora, o caso será encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se Bolsonaro e os outros indiciados serão denunciados ao Supremo Tribunal Federal. A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente. No entanto, seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, criticou o indiciamento nas redes sociais, acusando a Polícia Federal de perseguição. Ele afirmou que, embora os presentes tenham sido devolvidos à União, o indiciamento foi motivado por uma perseguição política.
Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e também indiciado, considerou a decisão da Polícia Federal ilegal. Ele afirmou que só tomou conhecimento do caso das joias pela imprensa e, como defensor, orientou a devolução dos itens ao TCU. Em sua defesa, ele classificou o indiciamento como uma ação arbitrária, injusta e uma violação de seu direito de trabalhar.
A Polícia Federal continua as investigações para esclarecer todos os detalhes deste caso que envolve figuras de alto escalão e itens valiosos.
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