A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve envolvido em um esquema para desviar mais de R$ 6,8 milhões em presentes recebidos de autoridades estrangeiras. Entre os itens desviados estão esculturas, joias e relógios, que foram entregues a Bolsonaro em razão de seu cargo de presidente do Brasil.
Inicialmente, o valor mencionado no relatório era de R$ 25 milhões, mas a PF corrigiu para R$ 6,8 milhões, afirmando que houve um erro material na redação das conclusões.
A investigação revelou a existência de uma associação criminosa com o objetivo de desviar e vender esses presentes. Os valores obtidos com as vendas eram convertidos em dinheiro e transferidos para o patrimônio pessoal de Bolsonaro, sem utilizar o sistema bancário formal, para ocultar a origem dos recursos.
Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciados pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório da investigação foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, em seguida, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do documento, que tem 476 páginas. Agora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisará se arquiva o caso, denuncia os indiciados ou solicita novas provas.
O relatório assinado pelo delegado Fábio Shor aponta que a associação criminosa desviava presentes de alto valor recebidos em nome do governo brasileiro durante viagens internacionais. Parte desse dinheiro pode ter sido utilizada para financiar a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos, onde ele permaneceu por mais de três meses após deixar a Presidência.
Em março de 2023, a venda de presentes oficiais foi noticiada pela imprensa, levando a uma nova operação para recuperar os itens vendidos. A investigação descobriu que Bolsonaro e seus associados escondiam a localização e movimentação dos bens desviados para garantir que os proventos obtidos permanecessem seguros.
Entre os presentes desviados estão um conjunto de itens masculinos da marca Chopard, um kit de joias da marca Rolex e esculturas douradas. As investigações contaram com a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou um acordo de colaboração premiada. O envolvimento de seu pai, o general do Exército Mauro Lorena Cid, também foi apontado. O general teria intermediado o repasse de US$ 68 mil ao ex-presidente após a venda de um relógio Patek Phillipe e um Rolex.
A defesa de Bolsonaro alegou que o ex-presidente não tinha controle sobre os presentes recebidos durante suas viagens. Eles argumentaram que esses itens eram catalogados pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência responsável por essa tarefa. Segundo a defesa, o processo de catalogação seguia rígidos critérios, e Bolsonaro não tinha ingerência sobre ele.
Os presentes investigados são:
- Conjunto masculino da marca Chopard, contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio, recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem à Arábia Saudita em outubro de 2021.
- Kit de joias da marca Rolex, contendo um anel, abotoaduras, um rosário islâmico e um relógio de ouro branco, entregue a Bolsonaro durante sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
- Escultura de um barco dourado e uma escultura de uma palmeira dourada, entregues a Bolsonaro em novembro de 2021, durante sua participação no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira em Manama, Bahrein.
A PF continua a investigar o caso, com novas evidências sendo coletadas e analisadas para esclarecer todos os detalhes do esquema de desvio de presentes.
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