Após uma longa batalha judicial, o Tribunal Regional do distrito de Berna-Mittelland, na Suíça, decidiu anular a condenação do técnico de futebol Cuca por abuso sexual de uma menor de idade. O caso remonta a 1987, quando Cuca, então jogador do Grêmio, participou de uma excursão à Europa, durante a qual foi acusado de praticar sexo sem consentimento com Sandra Pfäffli, na época com 13 anos.
A reviravolta foi motivada pela alegação da defesa de Cuca de que o treinador foi condenado à época sem representação legal adequada. A juíza Bettina Bochsler acatou esse argumento, destacando problemas na comunicação entre o advogado de defesa, contratado pelo Grêmio, e Cuca, que resultaram na retirada do defensor um ano antes do julgamento em 1989.
Embora a defesa tenha inicialmente solicitado a abertura de um novo processo para revisão do caso, o Ministério Público suíço argumentou a prescrição do crime. Diante disso, a juíza determinou a extinção do processo e a anulação da pena, ressaltando que não seria possível realizar um novo julgamento devido à prescrição.
A decisão não implica na inocência de Cuca, mas sim na ausência de representação legal adequada no julgamento original. A juíza Bettina Boschler determinou uma indenização do Estado suíço a Cuca no valor de 9.500 francos, aproximadamente R$ 55 mil, por irregularidades no processo.
O caso ganhou destaque no ano passado, quando Cuca foi contratado pelo Corinthians, gerando protestos por parte dos torcedores corintianos. Sua passagem pelo clube durou apenas seis dias, com dois jogos disputados, e culminou em um acordo amigável para o término do contrato.
Além disso, a reabertura do processo trouxe à tona a descoberta de que Sandra Pfäffli, a jovem abusada em 1987, já faleceu. O Tribunal Regional de Berna-Mittelland tentou localizá-la durante a reabertura do caso, mas informou que a vítima já não está viva. O motivo e a causa da morte não foram divulgados publicamente.
A filha de Cuca, Maiara Stival, expressou nas redes sociais o alívio da família com a anulação da condenação e destacou o sofrimento enfrentado nos últimos 284 dias. Em sua declaração, Maiara enfatizou a fé e determinação da família em provar a inocência do treinador, ressaltando que Cuca é um profissional de caráter inquestionável e íntegro.
A reviravolta no caso Cuca destaca não apenas as complexidades legais, mas também as consequências emocionais envolvidas em acusações dessa natureza. Enquanto o treinador expressa alívio e acredita que a justiça foi feita, o desfecho suscita reflexões sobre a prescrição de crimes, a busca pela verdade e os impactos duradouros nas vidas das pessoas envolvidas.
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